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Category Archives: comida

já deve estar fora de moda o farmville. mas da última vez que levantei os olhos da tese ainda se usava.
a minha horta está agora em grande. este ano com quatro variedades de tomates.

Ó Margarete, já foste ao novo super?

ps: tem muitas tias oxigenadas incapazes de distinguir uma cabeça de aipo de um nabo, mas é o delírio.

Apesar de gostar muito, na verdade aborrece-me comer carne em casa mais de duas ou três vezes por semana. Vai daí, ir ao rodízio ou ao leitão, por ser raro, dá-me mais prazer do que poisar um livro da Agustina. É bom. Se cá em casa não se comesse carne, estava mesmo a ver-me a combinar com os meus camaradas um jantar mensal só para irmos, às escondidas, perder-nos na luxúria de uma posta mirandesa. Assim como quem vai ao bar de alterne.
Vem isto a propósito de um desses meus camaradas. Que, por sinal, gosta das coisas refinadas da vida. Quando fez anos, levou-nos ao rodízio. Ao churrascão, ou chimarrão, ou chuletão. Um qualquer, que eles são todos maravilhosos. Como a carnuça demorava, levantei-me e fui ao buffet servir-me de dois ou três tomates e uma fatia de queijo. Se calhar tenho de dizer que eram cherry. Quando aterrei no meu lugar, o gajo sentado às 2 horas, que foi meu companheiro de carteira no ciclo, chamou-me lingrinhas. E vegetariano. E insinuou umas cenas meio fóbicas. E gozou com os meus 59 quilos. Foi quando eu percebi que há normas de etiqueta nos banquetes da matilha. Tomatinhos não. Deve ser como ires à caça e levares uma sandes de pepino para o lanche. Ainda levas uma tareia. Valeu-me eu ser o último a terminar de comer, para voltar a ser considerado, porque se não…

Prefiro falar do atum*. Sobretudo servindo-me de tão brilhante trocadilho.

* (não do teu, ó Francisca!)

A ementa, no meu restaurante, é abóbora.

 

– Filha… vem jantar, a sopa está a arrefecer.

– Filha não, eu sou a Bela Rainha Bailarina.

– Está bem, desculpa. Bela Rainha Bailarina vem jantar.

– Já vou… Pai… queres casar comigo?

– Quero filha.

– Filha não, eu sou a Bela Rainha Bailarina.

– Quero Bela Rainha Bailarina. Mas pode ser depois do jantar?

– Pode. A sopa está fria.

Um gajo desenvolve aptidões muito interessantes depois dos 30. Eu tenho sido requisitado para ajudar gente a fazer compras pelo telefone. Gente próxima, bem entendido – embora isto bem aproveitado pudesse render algum dinheiro! Sim, porque eu sei onde está a Amukina no Pingo Doce e a massa brick no Continente. Foi a minha obsessão pelos tachos que me tornou num profundo conhecedor das prateleiras de todos as quitandas da minha terra e arredores. E fui hierarquizando as grandes e menos grandes superfícies: a melhor para comprar hortaliças, a que tem mais ingredientes asiáticos, a que tem mais cogumelos secos, as piores horas para fazer compras e – porque o resto são cantigas – os sítios com as clientes mais giras.

E um tipo saber qual é o supermercado que tem a melhor relação entre clientes giras e variedade de cogumelos frescos é um asset do caraças. Poupava muita carantonha de desagrado aos gajos que encontro às vezes a fazer de conta que sabem escolher mangas.

Cheguei, pois, a conclusões empiricamente infalíveis. O Pingo Doce de Celas é o que tem as clientes mais giras. Mas só ao fim da tarde. Claro que para lá chegar, é preciso puxar-se do CR9 que há em nós e driblar dois junkies e três indivíduos (de outra nacionalidade que não posso dizer porque seria bué intolerante da minha parte). Convém estar em forma, portanto. Ou levar 1 euro à mão. Ah! Mas depois vale a pena.
Era capaz de vos hierarquizar isto também para apreciadores mais kinky. Mas podia ser processado. Voltaremos, mas para falar dos sítios com mais variedade de algas.

No Verão é assim: dás-me umas brasas e fazes de mim um homem feliz.
Na versão caçador másculo, saio a meio da tarde e volto com carne. Não interessa que seja costeleta argentina comprada num talho fino.
Na versão herbívoro festival de Sines vou ao mercado e temos legumes.

Os grelhados têm duas coisas boas. Bebes enquanto esperas pelo resultado final. E o sabor dos alimentos é óptimo. Destas férias ficaram duas receitas óptimas com legumes grelhados:

1 – Pasta de beringela: grelhar na brasa uma ou duas beringelas fatiadas, dois tomates muito maduros e duas cebolas; refogar uma cebola e uns dentes de alho; juntar os tomates (que foram apenas levemente tostados), cozinhar um pouco e triturar; juntar sal e uma mistura exótica de especiarias (ras el hanout ou semelhante – eu só tinha à mão uma mistura para tajines); juntar a cebola e as beringelas e triturar grosseiramente a gosto; serve-se com pão ou tostas com sésamo.

2 – Uma espécie de panzanella: tomate, pimento, cebola, cabeças de alho e pão grelhados; corta-se tudo grosseiramente, mistura-se com as mãos e rega-se com azeite, flor de sal, orégãos ou manjericão, sal e vinagre (pode ser balsâmico);

Para ser sincero, nem sei quem passa mais fome, se um esfomeado ou um barrigudo!

O meu quintal tem dado amoras e framboesas em barda. Comem-se à mão-cheia ou em queques. As framboesas e estas amoras são plantas invasivas. Precisam de um espaço limitado, ou então sentem-se demasiado em casa. Mas são óptimas porque não precisam de cuidados absolutamente nenhuns.

Sítios onde se pode comer bem por menos de dez euros em Coimbra. Vi o grupo no facebook e fui ver a correr. E ainda estou impressionado.

Como este blog presta serviço público aos incautos, gostava de dizer que – mesmo que leiam por aí o contrário – a cantina da universidade, por muitas virtudes que tenha, não é um sítio onde se coma bem por menos de dez euros.

Deixem-me transformar o enunciado. Mesmo custando menos de dez euros e não tendo glamour para lá levar a sogra na véspera do casamento, nesta terra come-se bem por menos de dez euros na tasca de Santana, junto à Penitenciária, no Zé Neto, junto à Praça do Comércio, e no Sereia, junto à Pousada da Juventude. Apesar de não ter ainda uma ideia sólida, porque só lá fui uma vez, pareceu-me que também é possível fazê-lo na Dona Especiaria, na alta da cidade. É ainda possível petiscar abaixo desse preço uns makis no Japonês ou umas enguias fumadas da Comur na mercearia Fangas. E, nesses casos, levar lá a sogra.

Dez euros é dinheiro, que diabo!

Useless information n.º 45275: as cerejas em calda são descoloradas, e depois coradas artificialmente de vermelho.

– O quê? Tu és capaz de pagar 75 euros por uma refeição?
– Sou. E se valer o preço nem fico com problemas de consciência. E há refeições que valem isso e até mais! É uma vez por festa!
– Tu deves ser doido! Passadas três horas já não está lá nada!

PS: um dos momentos de maior prazer que tive na vida passou-se num restaurante. Eu ri às primeiras garfadas. Salivei. Mastiguei de olhos fechados. Fiz mil perguntas ao empregado (embora fosse fora do país, ele conseguiu vir-me dizer que um dos ingredientes era alfavaca!!!! Nem os portugueses sabem o que é alfavaca!) Paguei e vim feliz.

Empadão de alheira de caça com grelos de nabo. Refogam-se chalotas e alhos bem picados, desfaz-se a alheira e cozinha-se sem grandes demoras. Faz-se um puré de batata e no final misturam-se raspas longas – fios! de cenoura crua. Os grelos são aferventados dois ou três minutos em água e sal. São entalados (uhhh! jargão!) depois em azeite e alho, enquanto se esfrega um olho. A ideia é cozinhar a menos, porque o forno faz o resto. Dispõe-se em camadas como se adivinha pela foto (a de batata é a do topo). Pincela-se com gema de ovo e salpica-se com sementes (estas são de sésamo); forno médio meia hora e. Fica bem com espinafres, ou com pimento na camada da alheira, and so on.

O domingo tem manteiga, farinha e açúcar. E chocolate.